segunda-feira, 14 de junho de 2010

O filho do Brasil?

O filme que traz a história do atual presidente do Brasil, possuindo duração de 128 minutos, chama-se: "Lula, O filho do Brasil". Após assistí-lo, podemos iniciar a nossa análise a partir do próprio título, onde o artigo definido é maiúsculo mesmo não estando no início da frase.

Como podemos analisar o significado deste artigo estar com letra maiúscula após a vírgula? Será porque o presidente dos EUA disse que "Lula é O Cara"? Ou será porque ele é "O Filho", o melhor filho que o Brasil já teve? Mas filho do Brasil? Que Brasil?

Pois é, os sentidos são vários, mas não qualquer um! Há uma grande diversidade de sentidos ao dialogar com o próprio filme e trajetória do personagem protagonista. Para aqueles que trazem na bagagem um maior conhecimento sobre o atual presidente do Brasil, e para muitos que acompanharam o seu percurso até o atual cargo de presidente do país, certamente o filme não passa de um típico romance.Talvez a memória discursiva desses indivíduos ficaram inquietas ao verem um filme que só traz à tona um destemido herói nascido no sertão nordestino.

Podemos ver no filme o grande estereótipo do sertão nordestino, do qual Lula é filho! Dizem que "o bom filho à casa retorna", mas parece que dessa vez "O Presidente", não mais "O Filho do Brasil", anda meio esquecido. Podemos perceber a constante presença da intertextualidade no decorrer do filme, o que já era esperado por se tratar de uma "biografia".

Afirmo quase que com toda certeza, que a memória discursiva de todos que assistiram ao filme, foi despertada no momento em que eram realizadas as reuniões do sindicato dos trabalhadores, e o Lula pronunciava: "Companheiro". Fazia-se presente também a polifonia, onde podíamos ver as cenas de autoritarismo, e imposição de regimes militares, dialogando com a era da ditadura em que ali se faz presente.

Talvez fosse algo mais justo renomear o título do filme para: "Lula, O neto do Brasil". Méritos à "Dona Lindu", a grande guerreira, mãe do personagem protagonista, e verdadeira "Filha do Brasil". Conseguiu criar os seus filhos,e sempre venceu os obstáculos que foram impostos pela vida, que à tempos atrás era bem mais complicada. No filme, a personagem de Glória Pires nada mais faz do que reforça todo o estereótipo de "ser mãe". Em vários trechos do filme cuidando do Lula, chegando até a parecer que era o filho que ela mais gostava. Porém "mãe é mãe", e vimos isso quando o irmão do Lula foi preso.

Porém, ao retratar a imagem do homem honesto, inocente, paciente, porém cheio de atitudes, no que isso implica e acaba dialogando com o título do filme? Talvez ele seja o mais querido dos "filhos do Brasil". Vindo de uma família pobre, do sertão nordestino, onde malmente tinha água, logo foi morar em São Paulo, mesmo que pouco mas estudou, não caiu em tentações e se livrou de todo o mal. Contudo, o que podemos considerar nesta pequena análise? O filme trata de um ser não fictício, porém acabou dando um "ar" romântico ao personagem ao exaltar ao extremo o personagem. Dá pra garantir que o filme emocionou muitos brasileiros, e até mesmo aqueles que são da esquerda. Pois o presidente já possui uma grande credibilidade com o povo brasileiro, e talvez a tentativa de engrandecer as suas atitudes não tenham tido êxito.

Ou seja, poderíamos repensar, e que tal: "Lula, O filho do sertão"? Ou temos mesmo que inseri-lo em outro contexto, para fazer com quem os telespectadores sintam-se incluídos na história por serem brasileiros? Pois no filme, e no próprio título, remetemos o personagem à seguinte frase: "sou brasileiro, não desisto nunca". Lembrando que o sentidos são vários, mas não qualquer um.

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