quarta-feira, 30 de junho de 2010

Copa 2010 - Técnicos ou Gestores?

A Copa do Mundo é um grande exemplo para o mundo corporativo. Apesar de o futebol variar de embaixadinhas de crianças humildes com bolas ovais a riquíssima Copa do Mundo, jabulani e contratos milionários, ele é corporativo e um grandessíssimo caso de estudo e exemplo para as empresas. O futebol está tão intimamente relacionado ao mundo econômico que é afetado por globalização, e crises econômicas. Seu poder é absurdamente grande por ser, provavelmente, o maior mobilizador de pessoas no mundo todo e promover uma guerra, com muito sentimento envolvido, através de grandes exemplos de “fair play”, alegria e paz.

Na Copa 2010, ao final das eliminatórias, muitos quiseram compreender porque as seleções sul americanas tiveram bom desempenho e porque poucos gols. Entre as diversas explicações que podem ser dadas, certamente estão os efeitos da globalização, onde atletas de todos os países jogam entre os melhores, promovendo intercâmbio e grande desenvolvimento. Também existem os efeitos econômicos, vide a França que foi mal na economia e na Copa e seus dirigentes, os do país, estão se envolvendo na reformulação do futebol. Além disso, com todos os aparatos de preparação física e evolução de suplementos alimentares, fisiologistas, etc, o futebol de alto nível tem condições de manter a “pegada” durante quase todos os noventa minutos.

No parágrafo acima, já se pode fazer diversas analogias com o mundo corporativo, mas seguem algumas comparações, importantes, com as empresas:

  1. Aglutinador social – os negócios tendem a ocorrer com maior facilidade, quando empresas, fornecedores e clientes encontram pontos de sinergia e confiança entre si. Se essas relações se tornam de admiração e cumplicidade, ocorre inclusive a divulgação natural. Aí entram, personalização de atendimento e relacionamento e a importância em se conhecer o cliente, para realização de relações adequadas.
  2. Paixão – quando uma pessoa gosta de uma equipe, é muito difícil trocá-la. Em menor grau, o mesmo ocorre com clientes e fornecedores. Apesar de que há o caso da Harley Davidson, onde seus clientes até tatuam sua marca.
  3. Evolução constante – tudo no futebol é analisado sob a ótica da experiência e da ciência, ainda que existam defensores de que a ciência deva ser evitada. O mesmo ocorre com empresas. E não raro, a falta de aprimoramento tecnológico gera alguma injustiça, como no jogo Inglaterra e Alemanha, onde um gol foi injustamente invalidado. Emoção sim, mas injustiça não. Vale para o futebol e para as empresas.
  4. Salários diferenciados. Atletas e profissionais diferenciados ganham mais.
  5. Cuidados com a marca. A Fifa tem padrões que não podem ser desrespeitados por quem é autorizado por usar sua marca. Não é a toa que já existiram países que perderam o direito de sediar uma copa por não ter cumprido as métricas Fifa.
  6. Objetivo bem definido. Os objetivos das equipes são bem definidos, obter a vitória, ser campeonato, se classificar. Entretanto não chegar à primeira colocação não é a pior derrota, mas sim não estar entre os primeiros. O mesmo vale para as companhias. A obsessão pelo primeiro lugar pode “cegar” um empreendedor. Já a busca pelas primeiras posições torna as empresas melhores e com boas métricas para evoluir. Mas, além disso, a empresa precisa ter suas próprias convicções e buscas por inovações.
  7. O preparo dos jogadores e profissionais deve sempre evoluir. Aí entram treinos individuais e coletivos.
  8. Improvisação – apesar da estratégia e da tática, sempre é necessária uma improvisação. Mas como no futebol, quanto melhor o preparo, mais eficiente e bonito é o drible.

E como em drible, o brasileiro é o melhor, aqui no Brasil, se cuidarmos da preparação e aumentarmos o bom uso da tecnologia, ninguém nos segura. Que venha o HEXA.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O filho do Brasil?

O filme que traz a história do atual presidente do Brasil, possuindo duração de 128 minutos, chama-se: "Lula, O filho do Brasil". Após assistí-lo, podemos iniciar a nossa análise a partir do próprio título, onde o artigo definido é maiúsculo mesmo não estando no início da frase.

Como podemos analisar o significado deste artigo estar com letra maiúscula após a vírgula? Será porque o presidente dos EUA disse que "Lula é O Cara"? Ou será porque ele é "O Filho", o melhor filho que o Brasil já teve? Mas filho do Brasil? Que Brasil?

Pois é, os sentidos são vários, mas não qualquer um! Há uma grande diversidade de sentidos ao dialogar com o próprio filme e trajetória do personagem protagonista. Para aqueles que trazem na bagagem um maior conhecimento sobre o atual presidente do Brasil, e para muitos que acompanharam o seu percurso até o atual cargo de presidente do país, certamente o filme não passa de um típico romance.Talvez a memória discursiva desses indivíduos ficaram inquietas ao verem um filme que só traz à tona um destemido herói nascido no sertão nordestino.

Podemos ver no filme o grande estereótipo do sertão nordestino, do qual Lula é filho! Dizem que "o bom filho à casa retorna", mas parece que dessa vez "O Presidente", não mais "O Filho do Brasil", anda meio esquecido. Podemos perceber a constante presença da intertextualidade no decorrer do filme, o que já era esperado por se tratar de uma "biografia".

Afirmo quase que com toda certeza, que a memória discursiva de todos que assistiram ao filme, foi despertada no momento em que eram realizadas as reuniões do sindicato dos trabalhadores, e o Lula pronunciava: "Companheiro". Fazia-se presente também a polifonia, onde podíamos ver as cenas de autoritarismo, e imposição de regimes militares, dialogando com a era da ditadura em que ali se faz presente.

Talvez fosse algo mais justo renomear o título do filme para: "Lula, O neto do Brasil". Méritos à "Dona Lindu", a grande guerreira, mãe do personagem protagonista, e verdadeira "Filha do Brasil". Conseguiu criar os seus filhos,e sempre venceu os obstáculos que foram impostos pela vida, que à tempos atrás era bem mais complicada. No filme, a personagem de Glória Pires nada mais faz do que reforça todo o estereótipo de "ser mãe". Em vários trechos do filme cuidando do Lula, chegando até a parecer que era o filho que ela mais gostava. Porém "mãe é mãe", e vimos isso quando o irmão do Lula foi preso.

Porém, ao retratar a imagem do homem honesto, inocente, paciente, porém cheio de atitudes, no que isso implica e acaba dialogando com o título do filme? Talvez ele seja o mais querido dos "filhos do Brasil". Vindo de uma família pobre, do sertão nordestino, onde malmente tinha água, logo foi morar em São Paulo, mesmo que pouco mas estudou, não caiu em tentações e se livrou de todo o mal. Contudo, o que podemos considerar nesta pequena análise? O filme trata de um ser não fictício, porém acabou dando um "ar" romântico ao personagem ao exaltar ao extremo o personagem. Dá pra garantir que o filme emocionou muitos brasileiros, e até mesmo aqueles que são da esquerda. Pois o presidente já possui uma grande credibilidade com o povo brasileiro, e talvez a tentativa de engrandecer as suas atitudes não tenham tido êxito.

Ou seja, poderíamos repensar, e que tal: "Lula, O filho do sertão"? Ou temos mesmo que inseri-lo em outro contexto, para fazer com quem os telespectadores sintam-se incluídos na história por serem brasileiros? Pois no filme, e no próprio título, remetemos o personagem à seguinte frase: "sou brasileiro, não desisto nunca". Lembrando que o sentidos são vários, mas não qualquer um.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Vai

Quer ir? Vai. Eu não vou segurar. Uma coisa que não dá certo é segurar uma pessoa contra a vontade, apelar pro lado emocional. De um jeito ou de outro isso vira contra a gente mais tarde: não fui porque você não deixou, ou: não fui porque você chorou. Sabe, existem umas harmonias em que é bom a gente não mexer. Estraga a música. Tem a hora dos violinos e tem a hora dos tambores.
Eu compreendo, compreendo perfeitamente. Olha, e até admito: você muda pra melhor. Fora de brincadeira, acho mesmo. Eu sei das minhas limitações, pensei muito nisso quando tava tentando te entender. É, é um defeito meu, considerar as pessoas em primeiro lugar. Concordo. Mas não tem mais jeito, eu sou assim. Paciência.
Sabe por que eu digo que você muda pra melhor? Ele faz tanta coisa melhor do que eu! Verdade.
Tanta coisa que eu não aprendi por falta de tempo, de oportunidade — ora, pra que ficar me justificando?
Não aprendi por falta de jeito, de talento, essa é que é a verdade. Eu sei ver as qualidades de uma pessoa, mesmo quando é um homem que vai roubar minha namorada. Roubar não: ganhar.
Compara...ele dança forró muito bem, até chama a atenção. É fera no volante, mete o braço, Não tem companhia melhor.
Eu danço mal, você sabe. Não consegui ultrapassar aquela fronteira larga entre a timidez e a ousadia, entre a discrição e o exibicionismo, que separa o mau e o bom dançarino. Nunca fui muito além daquela fase em que uma amiga compadecida precisava sussurrar no meu ouvido: dois pra lá, dois pra cá.
O jeito como ele dirige um carro deve ser humilhante. Você conhece o jeitão, essa coisa da velocidade. Não vou ter nunca aquela noção de tempo, a decisão, o domínio que ele tem. Cada um na sua. Eu troquei a volúpia de chegar rapidinho pelo prazer de estar a caminho. No amor também.
Aí é que eu tou perdido mesmo, no capítulo da coragem. Ele faz e acontece, já vi. Mas eu? Quantas vezes já levei desaforo pra casa. Levei e levo. Se um cachorro late pra mim na rua, vou lá e mordo ele?
Eu não. Mudo de calçada.
Outra coisa: ele é mais engraçado do que eu. Fala mais alto, ri mais à vontade, às vezes chama até um pouco a atenção mas... é da idade. Não tá em mim. Por isso que eu não tenho mágoa. Ele é muito mais divertido. E mais bonito também.
Vai.
Olha, não quero dizer que o que eu vou falar agora tenha importância pra você, que possa ter influído na sua decisão, mas ele tem mais dinheiro também, você sabe. Ele tem até, sabe?, aquele ar corajoso dos ricos, aquela confiança de entrar nos lugares. Eu não. Muito cristal me intimida. Os meus lugares são uns escondidos onde o garçom é amigo, o dono me confessa segredos, o cozinheiro acena lá do quadradinho e me reserva o melhor naco. É mais caloroso, mas não compensa o brilho, de jeito nenhum.
Ele é moderno, decidido. Num restaurante não te oferece primeiro a cadeira, não observa se você tá servida, não oferece mais vinho. Combina, não é?, com um tipo de feminismo. A mulher que se sente, peça o que quiser, sirva-se, chame o garçom quando precisar. Também não procura saber se você tá satisfeita. Eu sei que é assim que se usa agora. Até no amor. Já eu sou meio antigo, ultrapassado, gosto de umas cortesias.
Também não vou dizer que ele é melhor do que eu em tudo. Isso não. Eu sei, por exemplo, uns poemas de cor. Li alguns livros, sei fazer papagaio de papel, posso cozinhar uns dois ou três pratos com categoria, tenho certa paciência pra ouvir, sei uma ótima massagem pra dor nas costas, mastigo de boca fechada, levo jeito com crianças, conheço umas orquídeas, tenho facilidade pra descobrir onde colocar umas carícias, minhas camisas são lindas, sei umas coisas de cinema.
E não sou rancoroso. Leva a chave para o caso de querer voltar.